ilustração de Oliver Jeffers

01/11/11

O meu tesouro

Senti o tempo a gelar no peito quando te perdi. Pensei nas últimas palavras que me disseste, que nunca mais me poderás abraçar, e nas saudades que viriam; e tudo isto me abraçou.

Veio uma vontade estúpida e inútil de adormecer para, quando acordasse, ver que era apenas um pesadelo. A verdade é que o tempo acabou e que todas estas tentativas de fazer com que isto não tivesse acontecido, e de aliviar o sentimento, seja ele qual for, são formas de negação, que fazem parte mas não valem a pena.


Serás sempre o meu tesouro, como dizias ser eu o teu. Devo-te um mundo de gargalhadas e de momentos especiais, bem gravados no coração.


Maria Saramago, 9.ºC